Microsoft: nova estratégia de apps pode minimizar o fiasco do Windows Phone


A Microsoft parece ter aprendido uma ou duas lições depois de todo o perrengue atravessado com o Windows Phone. Movimentos recentes da companhia têm mostrado uma nova estratégia de integração inédita mesmo para os dois concorrentes diretos. Há hoje, de fato, o projeto escancarado de transformar o Windows 10 em um sistema operacional interplataformas – capaz de formar um único ecossistema com Xbox, PC e com o novo WP, o batizado Windows 10 Mobile.
Em sua decisão comercial mais recente, Redmond anunciou uma parceria com o Facebook, garantindo acesso ao conjunto de ferramentas React Native para mais de 250 mil desenvolvedores, que agora têm um método fácil e rápido para portar seus aplicativos para o Windows 10. Juntamente com o atrativo de uma “plataforma Windows universal” – que inclui até mesmo a chamada “internet das coisas” –, parece haver aí um caminho das pedras para deixar para trás de vez a aridez do ecossistema do Windows Phone.

Um aplicativo, quatro plataformas

Sem entrar nos méritos de funcionalidade do Windows Phone, é impossível negar que os usuários da plataforma mobile da Microsoft acabavam penando consideravelmente quando havia a necessidade de um aplicativo específico. Mesmo os apps mais populares, como o Snapchat, acabaram não encontrando um caminho de entrada viável – forçando quem tivesse a necessidade de buscar soluções alternativas, normalmente apelando para criações de desenvolvedoras menores.
Mesmo que muitas dessas versões paliativas fossem até bastante decentes, é difícil prever quando semelhante desenvolvedora pode quebrar ou simplesmente ser fechada sem prévio aviso. Conforme apontou o site WinBeta, embora o fracasso do Windows Phone possa ter por trás outros fatores, é inegável a contribuição determinante da falta de uma biblioteca de software apreciável.
Windows 10 universal
“As pessoas tentavam os três sistemas operacionais – Windows Phone, iOS e Android – mas descobriam que apenas duas delas tinham os aplicativos que elas queriam, ou aqueles que precisavam”, coloca o colunista Max Slater-Robins.

Reflexo nas prateleiras

Naturalmente, a falta de um ecossistema rico em utilitários e aplicativos da moda acabou por prejudicar as vendas do Windows Phone. E pior: o resultado ainda foi um ciclo vicioso, já que as sucessivas quedas nas vendas tornavam cada vez menos provável que alguém se interessasse por desenvolver algo para a plataforma, culminando na irrisória participação de apenas 2% no mercado global.
Diante desse cenário pouco auspicioso, a nova aposta da Microsoft parece ainda mais certeira. Afinal, não há mais um convite ao desenvolvimento de uma plataforma mobile rebatizada. Ao desenvolver para o Windows 10 Mobile, os criadores também estarão ventilando seus softwares no PC, no Xbox (um forte atrativo para os jogos, naturalmente) e na internet das coisas – de maneira que até a sua próxima geladeira inteligente pode acabar movida a Windows 10. Basta um único esforço de desenvolvimento.

De azarão a pioneiro?

Talvez não seja um grande risco afirmar que a nova manobra da Microsoft pode facilmente elevá-la do posto de azarão por excelência ao de pioneira. Conforme lembrou o referido site, não é de hoje que usuários das plataformas mobile da Apple e do Google cobram soluções capazes de integrar smartphones e desktops – algo que a Maçã apenas ensaiou em funções como o Launchpad, por exemplo.
Windows Phone
Também o Android ainda parece longe de trabalhar em limites estreitos com o Chrome OS... O que talvez nem representasse tanto assim, é verdade. Pelo menos, não para quem está fora dos bancos escolares – ambiente tornado habitat natural do sistema operacional.

Vantagens para o desktop

É pouco provável que alguém optasse pelo Windows 10 unicamente para utilizar, digamos, o aplicativo de transporte privado Uber. Entretanto, considerando-se que a integração de plataformas promovida pelo sistema operacional deve tornar completamente “indolor” a criação de ports, de repente, a possibilidade de chamar um carro diretamente do desktop passa a soar até bem interessante – desconsiderando-se a possibilidade de o motorista acabar cercado antes de tocar a sua campainha.
Ademais, semelhante integração ainda pode soar funcional e economicamente como música aos ouvidos de empresários. “(...) A melhor chance de a Microsoft tirar algo do Windows 10 Mobile, e de seus aparelhos associados, seria focar na sua clientela empresarial, vendendo como uma alternativa barata (e de fácil utilização) à utilização de iPhones e Androids corporativos, do ponto de vista de um administrador”, atestou o Sr. Slater-Robins.
Windows 10
Embora a adoção de novas tecnologias usualmente ocorra de forma mais lenta no meio corporativo – em relação ao consumidor final típico -, trata-se aí de um belo nicho de onde pode surgir o incentivo à criação que faltou ao Windows Phone. E isso, sobretudo, quando se considera a adoção bastante significativa do Windows 10.

Horizonte auspicioso

E nesse cenário muito mais animador, a junção de forças como Facebook apenas torna o horizonte ainda mais agradável. Afinal, se é verdade que o usuário típico de plataformas mobile apenas utiliza cinco aplicativos preferidos, também é fato que um deles, quase invariavelmente, é o Facebook. A este, vem se juntando também o The New York Times, o Netflix e o Shazam, todos desembarcando aplicativos no Windows 10 e atraindo novos usuários.
Enquanto isso, uma das aquisições recentes da Microsoft, a Xamarin, ainda consegue garantir um bom “meio de campo”, acelerando a expansão do novo ecossistema. Focada em ferramentas de desenvolvimento interplataformas, a start-up ainda anunciou recentemente que seu software próprio assumiu o formato open source (código aberto). E a revoada de mau agouro sobre o Windows Phone vai aos poucos se dispersando, como se vê.

Fonte: canaltech.com.b