Por que a Microsoft ainda investe no Windows Mobile após admitir derrota?
Recentemente, a Microsoft foi muito sincera sobre seus esforços
mobile, admitindo a derrota e já se preparando para novas paradigmas da
computação que estão por vir para os próximos anos. No entanto, a
empresa ainda não parou de colocar esforços na evolução do Windows 10
Mobile, o seu sistema operacional para celulares, que ainda vem sendo
atualizado regularmente. Por quê?
Afinal de contas, com 1% do mercado e sem perspectivas de competir de
igual para igual com Apple e Google em base de usuários, não seria mais
fácil seguir em frente e parar de tomar prejuízo? Não na visão da
Microsoft. O Windows 10 Mobile (ex-Windows Phone) ainda tem um papel
estratégico importantíssimo na companhia, mesmo que a ambição de ganhar
espaço na área de celulares já seja coisa do passado.
A dica foi dada por Terry Myerson, vice-presidente de Windows e dispositivos na companhia. Em entrevista à jornalista Mary-Jo Foley,
ele deu pistas do que vêm por aí e por que a empresa ainda se importa
com o sistema móvel. De forma resumida, ele acha que tecnologias que
hoje são padrão em smartphones, ainda serão muito importantes de outras
formas, e que o Windows Mobile tem o papel de manter-se atualizado com
estas tecnologias.
“Tecnicamente, há duas coisas que são únicas do Windows Mobile.
Uma é a conectividade celular, e a outra são os processadores ARM. E eu
acho que tanto a conectividade celular quanto os processadores ARM têm
um papel no panorama técnico do futuro.
Então, nós vamos continuar investindo no ARM e no celular. E,
apesar de não dizer qual tipo de dispositivo, eu acho que veremos
dispositivos Windows com chips ARM. E eu acredito que veremos
dispositivos com conectividade celular.
Quando você para de investir nestas coisas, é super, superdifícil
recomeçar. E, na Microsoft, nós temos alguns exemplos de casos em que
paramos. Às vezes, quando você investe pelo crescimento, é mais fácil,
mas quando você está investindo por estratégia técnica ou coisas do
tipo, as pessoas podem questionar, como você [a repórter] está fazendo
agora. Mas, especialmente entre seus leitores, eu acredito que não haja
debate sobre o papel dos processadores ARM no futuro, nem sobre a
conectividade celular”
Como nota o Windows Central,
é muito claro que a Microsoft ainda não abandonou totalmente o mobile,
mas certamente a sua próxima empreitada nesta área não será um
smartphone, pelo menos não na acepção mais comum do termo. A ideia é
reinventar a categoria de forma que seja possível evitar a comparação
direta entre o que quer que a companhia revelar com um iPhone, um Galaxy
ou um Pixel.
O site nota que há algumas grandes apostas sendo feitas atualmente
única divisão de hardware que mais tem progredido e impressionado na
companhia: a do Surface. E o sucesso da área tem se dado pelo fato de
que os responsáveis têm trazido coisas novas ao mercado, que não eram
esperadas pelo público. O Surface Studio repensa o computador tudo-em-um
e tem chamado a atenção de artistas e criadores de conteúdo; o Surface
Pro reimagina o tablet e o laptop criando um híbrido, e o conceito já
foi copiado por Apple e Google; o Surface Book é outro ponto de vista
sobre o que um laptop híbrido pode ser. Nenhum destes produtos que têm
agradado foram demanda popular. Ao contrário: foram decisões de design
para dar ao consumidor aquilo que eles não sabiam que queriam, como
Steve Jobs sempre pregava.
Se a Microsoft tem alguma pretensão de sobreviver em mobile, precisa descobrir o que as pessoas não
esperam de um dispositivo móvel, mas que adorariam que alguém
descobrisse por elas. Se a companhia vai conseguir, aí já é outra
história.
Fonte: olhardigital.uol.com.br